quinta-feira, 14 de junho de 2007

Deus e o diabo na era das corporações

O poder que antes estava nas mãos dos Estados, agora está com as corporações. Nas últimas duas décadas, as corporações conseguiram acumular uma riqueza que não pode ser ignorada, conferindo a elas o poder de definir as relações econômicas, sociais, políticas e culturais em escala global. Através de uma lei norte-americana criada para assegurar os direitos dos afro-americanos, as corporações conseguiram que os juristas as reconhecessem como uma “pessoa”, com os mesmos direitos de um ser humano. Esse direito permitiu que elas, assim como as pessoas como nós, pudessem ter propriedades, investimentos, comprar ou vender. Com essas possibilidades as corporações passaram a crescer vertiginosamente, acumulando um patrimônio monstruoso, concentrando uma riqueza inigualável nos dias atuais. Esse processo de acumulação de riquezas através da geração de lucros pelas suas atividades comerciais, permitiu que algumas corporações concentrassem um poder econômico maior do que o PIB de qualquer nação mundial. As corporações possuem uma riqueza maior do que as sociedades norte-americana, inglesa, francesa, brasileira ou chinesa possuem.
Através desse poder econômico, as corporações passaram a influenciar de modo decisivo as principais questões da sociedade, na política, na economia, nas pesquisas, nos tribunais etc. Através dos acordos internacionais como NAFTA ou ALCA, as corporações passam a ter o poder de intervir na estrutura social de um país, definindo as regras de mercado, trabalho, aplicação científica, tributária etc. Alguns países como o Canadá, a Bolívia, a Índia, estão enfrentando dificuldade para proibir certos abusos, como comercialização de produtos danosos ao meio ambiente e à saúde humana.
É preciso desenvolver formas de impedir que as corporações assumam o controle da sociedade global, através de leis que não permitam seus abusos e através de processos de comunicação que possam informar sobre amoralidade das corporações e do capitalismo. É necessário que construamos uma nova ordem mundial e que não seja exclusivamente pela via econômica.